Essa é a maior seção que eu cortei de New Moon; é a maior parte do capítulo seis original (”Declaração”, naquela época), além de sete cenas curtas que continuam o enredo de -bolsa de estudos? no romance, e até o final dele. Eu achava que ele era meio engraçado, mas os meus editores discordaram. Ela não era necessária, então foi sacrificada no altar da edição.
Cena um: o dia depois que Bella vai ao filme de zumbi com Jessica.
Eu ainda sentia saudade de Phoenix em raras ocasiões, quando era provocada. Agora, por exemplo, enquanto eu me dirigia ao Banco Federal de Forks para depositar meu chegue de pagamento. O que eu não daria pela conveniência de um caixa-automático drive in. Ou pelo menos, a anonimidade de um estranho do outro lado da mesa.
“Boa tarde, Bella”, a mãe de Jessica me saudou.
“Oi, Sra. Stanley”.
“É tão bom que você pode sair com Jessica na noite passada. Já fazia tanto tempo.”
Ela fez um barulhinho com a língua para mim, sorrindo para tornar o som amigável. Alguma coisa na minha expressão devia estar desligada, porque o sorriso endureceu de repente, e ela passou a mão nervosamente pelo cabelo, onde ela ficou presa por um minuto; o cabelo dela era tão encaracolado quanto o de Jessica e ela colocava laquê até que ele ficasse arrumado em um monte de anéis duros e rígidos.
Eu sorri de volta, me dando conta de que estava um segundo atrasada. O meu tempo para reações estava enferrujado.
“É”, eu disse, no que eu esperava que fosse um tom sociável. “Eu estive muito ocupada, sabe. Escola… trabalho…” Eu lutei pra pensar em alguma outra coisa pra adicionar à minha lista curta, mas
não encontrei nada.
“Claro”, ela sorriu mais calidamente, provavelmente feliz por minha resposta parecer normal e bem-ajustada.
De repente me ocorreu que eu podia não estar apenas brincando comigo mesma quando pensei no motivo por trás do sorriso dela. Quem sabe o que Jessica contou a ela sobre a noite passada. O que quer que tenha sido, não foi completamente falso. Eu era a filha da ex excêntrica de Charlie –
insanidade pode ser genética. Antiga associada aos esquisitões de Forks; eu pulei essa parte rapidamente, me encolhendo. Recente vítima de um coma ambulante. Eu decidi que esse era um argumento bastante bom para a minha loucura, sem nem sequer contar as vozes que eu ouvia agora, e eu me perguntei se a Sra. Stanley realmente pensava isso.
Ela deve ter visto a especulação nos meus olhos. Ela desviou o olhar rapidamente, olhando para as janelas atrás de mim.
“Trabalho”, eu repeti, chamando a atenção dela de volta enquanto colocava meu cheque em cima do balcão. “Que é porque eu estou aqui.”
“É claro.” Ela sorriu de novo. O batom dela estava rachando enquanto o dia progredia, e estava claro que ela havia desenhado os lábios muito mais cheios do que eles eram na realidade.
“Como estão as coisas no Newton’s?” ela perguntou brilhantemente.
“Bem. A temporada está começando”, eu disse automaticamente, apesar de que ela dirigia pelo estacionamento do Pacific Outfitter’s todo dia – ela teria visto os carros que não eram conhecidos. Ela provavelmente sabia mais sobre as quedas e os aumentos no ramo dos mochileiros do que eu.
Ela balançou a cabeça ausentemente enquanto olhava para as teclas do computador na frente dela. Meus olhos passearam pelo balcão marrom escuro, com as suas linhas muito “anos-setenta” de laranja brilhante rodeando as bordas. As paredes e o carpete haviam sido atualizados para um tom mais neutro de cinza, mas o balcão denunciava a decoração original do prédio.
“Hmmm”, o murmúrio da Sra. Stanley foi um guincho mais alto do que o normal. Eu olhei de volta pra ela, apenas meio interessada, me perguntando se havia uma aranha em cima da mesa que havia assustado ela.Mas os olhos dela ainda estavam grudados na tela do computador. Agora os dedos
dela estavam imóveis, a expressão dela estava surpresa e desconfortável.
Eu esperei mas ela não disse mais nada.
“Há algo errado?” Os Newton estavam tentando passar cheques sem fundo?
“Não, não”, ela murmurou rapidamente, olhando para mim com um estranho brilho nos olhos. Ela parecia estar reprimindo algum tipo de excitação. Aquilo me fez lembrar de Jessica quando ela tinha alguma nova fofoca que estava morrendo pra dividir.
“Você gostaria de imprimir o seu saldo?” A Sra. Newton perguntou ansiosamente. Isso não era meu hábito – minha conta crescia tão lentamente que não era difícil fazer os cálculos na minha cabeça. Mas a mudança de tom dela me deixou curiosa.
O que havia na tela do computador que fascinou ela?
“Claro”, eu concordei.
Ela bateu numa tecla, e a impressora rapidamente cuspiu o curto documento.
“Aqui está”. Ela arrancou o papel com tanta gana que ele se partiu no meio.
“Oops, eu lamento por isso”. Ela passou o olhar por cima da mesa, sem encontrar o meu olhar curioso, até que ela encontrou um rolo de fita adesiva. Ela grudou os dois pedaços de papel e o atirou pra mim.
“Er, obrigada”, eu murmurei. Com a folha na mão, eu me virei e caminhei para a porta da frente, dando uma olhada para ver se eu descobria qual era o problema da Sra. Stanley.
Eu achava que a minha conta devia estar e torno de mil quinhentos e trinta e cinco dólares. Eu estava errada, eram trinta e seis dólares e cinquenta centavos, e não trinta e cinco.
E também haviam vinte mil dólares extras.
Eu congelei onde estava, tentando entender os números. A conta estava
vinte mil dólares mais alta antes do meu depósito de hoje, que
havia sido depositado corretamente.
Por um breve minuto eu considerei a ideia de fechar a minha conta imediatamente.
Mas, suspirando uma vez, eu voltei para o balcão onde a Sra. Stanley
estava esperando com olhos brilhantes, interessados.
“Há algum tipo de erro com o computador, Sra. Stanley”, eu
disse a ela, entregando o pedaço de papel de volta pra ela. “Deveriam
haver apenas mil quinhentos e trinta e seis e cinquenta centavos.”
Ela sorriu conspiradoramente. “Eu achei que parecia um pouco estranho”.
“Só nos meus sonhos, né?” Eu ri de volta, impressionando
a mim mesma com a normalidade do meu tom.
Ela digitou bruscamente.
“Eu vejo o problema aqui… a três semanas atrás aparece
um depósito de vinte mil dólares feito por… hmmm, pelo que parece
foi outro banco. Eu imagino que eles tenham colocado os números errados.”
“Quantos problemas eu vou ter se fizer um saque?” Eu brinquei.
Ela gargalhou ausentemente enquanto continuava a digitar.
“Hmmm”, ela disse de novo, a testa dela enrugando em três
buracos fundos. “Parece que foi uma transferência de outro estado.
Nós não recebemos muitas dessas. Quer saber? Eu vou fazer a Sra.
Gerandy dar uma olhada nisso…” A voz dela foi desaparecendo enquanto
ela se virava pra longe do computador, o pescoço dela se curvando para
olhar pela porta aberta atrás dela.
“Charlotte, você está ocupada?” ela chamou.
Não houve resposta. A Sra. Stanley entendeu isso e caminhou rapidamente
para a porta traseira onde os escritórios deviam ser.
Eu procurei por ela por um minuto, mas ela não reapareceu. Eu me virei
e olhei ausentemente pelas janelas da frente, olhando a chuva caindo nos vidros.
A chuva corria em correntes imprevisíveis, ás vezes descendo torta,
por causa do vento. Eu não prestei atenção no tempo enquanto
esperava. Eu tentei deixar a minha mente flutuar em branco, pensando em nada, mas eu não parecia ser capaz de voltar aquele estado de semi-consciência.
Eventualmente eu ouvi vozes atrás de mim de novo. Eu me virei pra ver
a Sra. Stanley e a esposa do Dr. Gerandy entrando na sala da frente com o mesmo sorriso educado nos seus rostos.
“Desculpa por isso, Bella”, a Sra. Gerandy. “Eu devo ser capaz
de dar um jeito nisso com um telefonema bem rápido. Você pode esperar
se quiser”. Ela fez um gesto para uma fileira de cadeiras de madeiras
contra uma parede. Parecia que elas pertenciam a sala de jantar de alguém.
“Okay”, eu concordei. Eu caminhei até as cadeiras e me sentei
bem no meio, de repente desejando ter um livro. Já fazia algum tempo
que eu não lia, fora da escola. E mesmo assim, quando alguma história
de amor ridícula fazia parte do currículo, eu trapaceava com sinopses.
Era um alivio estar trabalhando com Animal Farm agora. Mas tinham que haver outros livros seguros. Aventuras políticas. Mistérios de assassinatos.
Assassinatos violentos não eram problema; contanto que não houvesse
nenhum enredo romântico choroso envolvido.
Levou tempo suficiente pra eu ficar irritada. Eu estava cansada de olhar para
a sala cinzenta chata, sem nenhum quadro para aliviar as paredes vazias. Eu
não conseguia ver a Sra. Stanley enquanto ela remexia uma pilha de papéis,
parando de vez em quando para dar entrada em alguma coisa no computador – ela olhou pra mim uma vez, e quando encontrou meu olhar ela pareceu desconfortável e derrubou um arquivo. Eu podia ouvir a voz da Sra. Gerandy, um murmúrio fraco vindo da sala traseira, mas não era claro o suficiente pra me dizer nada, além de que ela tinha mentido em relação ao tempo necessário na ligação. Havia um limite de tempo no qual
se podia esperar que uma pessoa ficasse com a mente em branco, e se aquilo não acabasse logo, eu não ia ser capaz de evitar. Eu ia ter que pensar. Eu
entrei em pânico silenciosamente, tentando imaginar um assunto seguro
pra pensar.
Eu fui salva pela reaparição da Sra. Gerandy. Eu sorri gratamente
pra ela quando ela enfiou a cabeça pela porta, seu cabelo grosso, cor
de neve, chamando minha atenção imediatamente.
“Bella, você se importaria em se juntar a mim?” ela perguntou,
e eu me dei conta de que ela tinha o telefone grudado no ouvido.
“Claro”, eu murmurei enquanto ela desaparecia.
A Sra. Stanley teve que destrancar a meia porta no final do balcão para
que me deixar passar. O sorriso dela era ausente, ela não encontrou meus
olhos. Eu tinha certeza absoluta de que ela estava planejando ouvir atrás
da porta.
Minha mente correu pelas possibilidades concebíveis enquanto eu me apressava para o escritório.
Alguém estava lavando dinheiro pela minha conta. Ou talvez Charlie estivesse recebendo suborno, e eu estava estragando o disfarce dele. No entanto, quem teria tanto dinheiro assim para subornar Charlie? Talvez Charlie estivesse na máfia, e usando minha conta para fazer lavagem de dinheiro. Não, eu não conseguia imaginar Charlie na máfia. Talvez fosse Phil.
Quão bem nós conhecíamos Phil, afinal de contas?
A Sra. Gerandy ainda estava no telefone, e ela fez um gesto com o queixo em
direção a cadeira dobrável de metal que ficava de frente para a mesa dela. Ela estava rabiscando apressadamente na parte de trás de um envelope. Eu sentei, me perguntando se Phil tinha um passado obscuro, e se eu ia parar na cadeia.
“Obrigada, sim. Eu acho que isso é tudo. Sim, sim. Muito obrigada
por sua ajuda”, a Sra. Gerandy desperdiçou um sorriso para o receptor
do telefone antes de desligar. Ela não parecia estar com raiva ou sombria.
Mais pra excitada e confusa. Isso me lembrou da Sra. Stanley no corredor. Por um segundo eu pensei em pular pela porta e assustar ela.
Mas a Sra. Gerandy falou.
“Bem, eu acho que tenho boas notícias para você… Apesar
de não conseguir imaginar você pode não ter sido informada
disso”. Ela me encarou criticamente, como se ela estivesse esperando que
eu desse um tapa na minha testa e dissesse, oh, ESSES vinte mil. Eu esqueci
completamente!
“Boas notícias?” Eu testei. As palavras implicavam que esse
erro era complicado demais pra ela desvendar, e ela tinha a impressão
de que eu era mais rica do que nós pensávamos alguns minutos atrás.
“Bem, se você realmente não sabe… parabéns então!
Você ganhou uma bolsa de estudos de…” ela olhou para suas anotações
rabiscadas “o Fundo do Pacífico Noroeste”.
“Uma bolsa de estudos?” eu repeti sem acreditar.
“Sim, isso não é excitante? Minha nossa, você poderá
ir pra qualquer faculdade que quiser!”
Foi precisamente nesse momento, enquanto ela balbuciava alegremente pela minha boa sorte, que eu soube exatamente de onde tinha vindo o dinheiro. Apesar da repentina onda de raiva, suspeita, ultraje e dor, eu tentei falar calmamente.
“Uma bolsa de estudos que deposita vinte mil dólares na minha conta”,
eu notei. “Ao invés de pagar isso a escola. Sem ter nenhuma forma
de se certificar de que eu vou usar o dinheiro para a escola”.
Minha reação fez ela corar. Ela pareceu ofendida pelas minhas
palavras.
“Seria muito pouco sábio não usar esse dinheiro com os fins
que foram propostos pra ele, Bella, querida. Essa é uma chance única
na vida”.
“É claro”, eu disse amargamente. “E esse Fundo do Pacífico
Noroeste mencionou porque eles me escolheram?”
Ela olhou pra suas anotações de novo, uma pequena careta no rosto
por causa do meu tom.
“É um grande prestigio – eles não dão essa
bolsa de estudo todos os anos”.
“Aposto que não”.
Ela olhou pra mim e desviou o olhar rapidamente. “O banco em Seattle que
gerência o fundo me passou para o homem que administra as entregas as bolsas de estudos. Ele disse que essa bolsa de estudos é dada baseada em mérito, gênero e locação. Ela é direcionada a estudantes do sexo feminino de cidades pequenas que não tem as oportunidades disponíveis em uma cidade maior”.
Parecia que alguém estava achando que era engraçado.
“Mérito?” eu perguntei desaprovando. “Eu tenho uma média de três ponto sete. Eu posso nomear três garotas que tem notas melhores que as minhas, e uma delas é Jessica. Além
o mais – eu nunca me inscrevi pra essa bolsa de estudos”.
Ela estava muito corada agora, pegando uma caneta e colocando-a na mesa de novo, mexendo no pendente que ela usava entre o dedão e o indicador. Ela procurou nas anotações novamente.
“Ele mencionou isso…” Ela manteve os olhos no envelope, sem ter
certeza do que fazer com a minha atitude. “Eles não aceitam inscrições.
Eles procuram inscrições rejeitadas por outras bolsas de estudos
e escolhem estudantes que eles acham que foram injustamente ignorados. Eles pegaram o seu nome pela inscrição que você mandou para a
assistência financeira baseada em mérito da Universidade de Washington.”
Eu senti os cantos da minha boca virando pra baixo. Eu não sabia que
aquela inscrição havia sido rejeitada. Era uma coisa que eu tinha
enviado há muito tempo atrás, antes…
E eu não havia pensado em nenhuma outra possibilidade, apesar de que
os prazos estavam passando por mim. Eu não parecia conseguir me focar
no futuro. Mas a Universidade de Washington era o único lugar que poderia
me manter perto de Forks e de Charlie.
“Como eles conseguem as inscrições recusadas?” Eu perguntei em tom baixo.
“Eu não tenho certeza, querida”. A Sra. Gerandy não estava feliz. Ela queria excitação e estava recebendo hostilidade.
Eu queria ter alguma forma de explicar que a negatividade não era pra
ela. “Mas o administrador deixou o número dele caso eu tivesse
alguma pergunta – você mesma poderia ligar pra ele. Eu tenho certeza
que ele poderia te assegurar de que esse dinheiro realmente é para você”.
Disso eu não tinha dúvida. “Eu gostaria desse número”.
Ela escreveu rapidamente num pedaço amassado de papel. Eu fiz uma nota
mental de doar anonimamente um bloco de post-its para o banco.
O número era interurbano. “Eu não suponho que ele tenha deixado um endereço de e-mail?” Eu perguntei ceticamente. Eu não queria aumentar a conta telefônica de Charlie.
“Na verdade, ele deixou”, ela sorriu, feliz por ter alguma coisa
que eu parecia querer. Ela se inclinou na mesa para escrever outra linha no
meu borrão.
“Obrigada, eu vou entrar em contato com ele assim que chegar em casa”.
Minha boca era uma linha dura.
“Docinho”, a Sra. Gerandy disse hesitantemente. “Você devia estar feliz por isso. É uma grande oportunidade”.
“Eu não vou pegar vinte mil dólares que eu não mereci”, eu respondi, tentando manter o tom de ultraje fora da minha voz.
Ela mordeu o lábio, e olhou para baixo novamente. Ela também pensava
que eu era maluca. Bem, eu ia fazer ela dizer isso em voz alta.
“O quê?” Eu quis saber.
“Bella…” Ela pausou e eu esperei com o dentes trincados. “É substancialmente mais que vinte mil dólares”.
“Perdão?” Eu asfixiei. “Mais?”
“Vinte mil é só o pagamento inicial, na verdade. De agora em diante você irá receber cinco mil dólares todo mês até o final da sua carreira na faculdade. Se você fizer pós-graduação, a bolsa de estudos continuará pagando por ela!” Ela ficou excitada de novo enquanto me dizia isso.
No início eu não consegui falar, eu estava lívida demais.
Cinco mil dólares por mês por um período indeterminado de tempo. Eu queria quebrar alguma coisa.
“Como?” Eu consegui botar pra fora
“Eu não entendo o que você quer dizer”.
“Como eu vou ganhar cinco mil dólares por mês?”
“Serão depositados em sua conta aqui”, ela respondeu, perplexa.
Houve um breve segundo de silêncio.
“Eu vou fechar a conta agora”, eu disse numa voz sem vida.
Eu levei quinze minutos para convencê-la de que estava falando sério.
Ela tinha um inacabável suprimento de razões pelas quais isso era uma má idéia. Eu discuti calorosamente até que me ocorreu que ela estava preocupada em me entregar os vinte mil dólares. As pessoas carregavam tanto assim nas mãos?
“Olha, Sra. Gerandy”, eu assegurei ela. “Eu só quero
sacar os meus mil e quinhentos. Eu apreciaria muito se você pudesse enviar
o restante do dinheiro de volta para o lugar de onde ele veio. Eu vou acertar
as coisas com esse –“ Eu chequei o borrão. “- Sr. Isaac
Randall. Isso realmente é um erro”.
Isso pareceu relaxar ela.
Cerca de vinte minutos depois, com um rolo de quinze notas de cem, uma de vinte, uma de dez, uma de cinco, uma de um, e cinqüenta centavos no meu bolso, eu escapei do banco aliviada. A Sra. Stanley e a Sra. Gerandy ficaram lado a lado no balcão, olhando para mim com os olhos arregalados.
Eu abri a porta com um chute e puxei o meu fundo para a faculdade do bolso. Ele parecia bem pequeno enrolado como estava na palma da minha mão. Eu o enfiei em uma meia sem par e aí a enfiei de volta na gaveta de roupas de baixo. Provavelmente esse não era o esconderijo mais original, mas eu ia me preocupar em pensar em algo mais criativo mais tarde.
No meu outro bolso estava o papel amassado com o número do telefone de Isaac Randall e o seu endereço de e-mail. Eu o puxei pra fora e o coloquei no teclado do meu computador, aí apertei o botão, batendo o meu pé enquanto a minha tela ligava lentamente.
Quando eu estava conectada, eu abri a minha conta de e-mail gratuita. Eu procrastinei, demorando pra deletar a montanha de spams que haviam se acumulado desde o dia que eu havia escrito pra Renée. Eventualmente eu me livrei desse trabalho, e abri uma caixa de composição nova.
O endereço de e-mail era para ?irandall-, então eu presumi que ele ia diretamente para o homem que eu queria.
Querido Sr. Randall, eu escrevi.
Eu espero que você se lembre da conversa que teve esta tarde com a Sra. Gerandy no Banco Federal de Forks. Meu nome é Isabella Swan, e aparentemente você está com a impressão de que eu ganhei uma bolsa de estudos bastante generosa da Compania de Fundos do Pacífico Norte.
Eu lamento, mas não posso aceitar essa bolsa de estudos. Eu pedi que o dinheiro que eu já recebi fosse mandado de volta para a conta da qual ele veio, e fechei minha conta no Banco Federal de Forks. Por favor, premie outro candidato com a bolsa de estudos.
Obrigada, I. Swan
Eu levei alguns minutos pra faze-lo soar do jeito certo ? formal, e inquestionavelmente definitivo. Eu o li duas vezes antes de manda-lo. Eu não tinha certeza sobre que tipos de diretrizes o Sr. Randall havia recebido sobre a bolsa de estudos falsa, mas eu não podia ver nenhuma brecha na minha resposta.
Quando eu voltei, eu peguei a correspondência enquanto entrava. Eu passei rapidamente as contas e as propagandas, até chegar na última carta na pilha.
Era um envelope comercial regular, endereçado a mim ? o meu nome estava escrito à mão, o que era incomum. Eu olhei com interesse para o endereço do remetente.
Interesse que rapidamente se transformou em náusea. A carta era do Fundo do Pacífico Norte, do Escritório de Relocações de Bolsas de Estudos. Não havia nenhum endereço de rua embaixo do nome.
Esse provavelmente era só um reconhecimento formal da minha recusa, eu disse pra mim mesma. Não havia nenhuma razão pra me sentir nervosa. Absolutamente nenhuma razão, exceto pelo pequeno detalhe que pensar demais em qualquer parte disso me mandaria diretamente para a terra dos zumbis. Somente isso.
Eu atirei o resto da correspondência na mesa para Charlie, juntei os meus livros na sala de estar, e corri escadas acima. Uma vez em meu quarto, eu tranquei a minha porta e rasguei o envelope. Eu tinha que me lembrar de ficar com raiva. Raiva era a chave.
Querida Srta. Swan.
Permita-me parabenizá-la formalmente por ter ganho pelos Fundos do Pacífico Norte a prestigiosa Bolsa de Estudos J. Nicholls. Essa bolsa de estudos não é presenteada com muita freqüência, e você deve ficar orgulhosa de saber que o Comitê de Relocações escreveu o seu nome unanimemente para a honra.
Houveram algumas pequenas dificuldades nas monções da sua bolsa de estudos, mas por favor não se preocupe. Eu estarei cuidando pessoalmente para que você seja posta pelo mínimo de inconvenientes possível. Por favor encontre o cheque anexo de vinte mil dólares; o prêmio inicial mais a sua primeira mesada mensal.
Mais uma vez eu te parabenizo pela sua realização. Por favor aceite os melhores desejos de toda a Corporação do Pacífico Norte para a sua futura careira escolástica.
Sinceramente,
I. Randall
Raiva não foi problema nenhum.
Eu olhei dentro do envelope e, certo o suficiente, havia um cheque lá dentro.
-Quem são essas pessoas?? Eu rosnei através do meus dentes trincados, amassando a carta, com uma mão, transformando-a em uma bola apertada.
Eu marchei furiosamente até a minha lata de lixo, pra encontrar o número de telefone do Sr. Randall. Eu não me importava que fosse a longa distância ? essa ia ser um conversa muito curta.
-Oh, merda?, eu assobiei. A lixeira estava vazia. Charlie havia levado o meu lixo pra fora. Eu joguei o envelope com o cheque na minha cama e desamassei a carta de novo. Era um papel da companhia, com Departamento de Relocações de Bolsas de Estudos do Pacífico Norte escrito em um tom escuro de verde no topo, mas não havia nenhuma informação, nenhum endereço, nenhum número de telefone.
-Droga.
Eu me sentei na beira da minha cama e tentei pensar claramente. Obviamente, eles iam me ignorar. Eu não tornar os meus sentimentos mais claros, então não tinha havido nenhum erro de comunicação. Provavelmente não faria diferença se eu ligasse.
Então só havia uma coisa a fazer.
Eu re-amassei a carta, amassei também o envelope com o cheque, e marchei escadas abaixo.
Charlie estava na sala de estar, com a TV ligada em alto volume.
Eu fui até a pia da cozinha, e joguei as bolas de papel lá dentro. Aí, eu procurei dentro da nossa gaveta de coisas diversas até que encontrei uma caixa de fósforos. Eu acendi um, e o aproximei cuidadosamente em uma das pontas do papel. Eu acendi outro e fiz o mesmo. Eu quase acendi um terceiro, mas o papel estava incendiando meramente, então não havia necessidade de verdade.
-Bella?- Charlie chamou por cima do som da televisão.
Eu abri a torneira rapidamente, com uma sensação de satisfação enquanto a força da água transformava as chamas em uma meleca achatada e cinzenta.
-Sim, pai?- Eu joguei os fósforos de volta na gaveta, e a fechei rapidamente.
-Você está sentindo cheiro de fumaça??
-Não, pai-.
-Hmph?
Eu limpei a pia, tendo certeza de que todas as cinzas haviam descido pelo ralo, e aí limpei os dejetos, só pra ter certeza.
Eu voltei para o meu quarto, me sentindo levemente satisfeita. Eles podiam me mandar todos os cheques que quisessem, eu pensei mal humorada. Eu sempre podia comprar mais fósforos quando os meus acabassem.
Nos degraus havia um pacote do FedEx. Eu o peguei com curiosidade, esperando um endereço da Flórida, mas ele havia sido mandado de Seattle. Não havia nenhum remetente no lado de fora da caixa.
Ele estava endereçado a mim, não a Charlie, então eu o levei até a mesa e rasguei a aba do papelão pra abri-lo.
Assim que eu vi a logo-marca verde escura do Fundo do Pacífico Norte, eu senti que a minha dor de estômago estava voltando. Eu caí na cadeira mais próxima sem olhar para a carta, a raiva se acumulando lentamente.
Eu não podia nem sequer me fazer lê-la, apesar dela não ser longa. Eu a puxei pra fora, a coloquei virada pra baixo em cima da mesa, e olhei relutantemente de volta para dentro da caixa, pra ver o que havia embaixo. Era um envelope inchado cor de baunilha. Eu estava com medo de abri-lo, mas com raiva suficiente pra abri-lo com um rasgão do mesmo jeito.
A minha boca era uma linha dura enquanto eu rasgava o papel sem me preocupar em abrir pela aba. Eu já tinha coisas suficientes pra lidar agora. Eu não precisava de lembretes e nem da irritação.
Eu fiquei chocada, e mesmo assim não fiquei surpresa. O que mais podia ser além disso ? três bolos grossos de notas, apertados com força por um elástico de borracha. Eu não precisava olhar as denominações. Eu sabia exatamente o quanto eles estavam tentando forçar às minhas mãos. Seriam trinta mil dólares.
Eu levantei o envelope lentamente enquanto me levantava, e me virei pra joga-lo na pia. Os fósforos estavam no topo da gaveta de bobagens, exatamente onde eu os havia deixado da última vez. Eu tirei um e o acendi.
Ele queimava mais e mais perto dos meus dedos enquanto eu encarava o envelope odioso. Eu não conseguia fazer os meus dedos soltarem ele. Eu larguei o fósforo antes que ele me queimasse, o meu rosto se transformando em uma careta de desgosto.
Eu peguei a carta de cima da mesa, amassando-a em uma bola e atirando-a no outro recipiente da pia. Eu acendi outro fósforo e o joguei no papel, olhando com uma satisfação maliciosa enquanto ele queimava. Um aquecimento. Eu acendi outro fósforo. De novo, eu o segurei, queimando, acima do envelope. De novo, ele queimou quase até os meus dedos antes que eu o atirasse nas cinzas da carta. Eu simplesmente não conseguia me fazer queimar trinta mil dólares.
Então o que eu ia fazer com isso? Eu não tinha nenhum endereço pra manda-lo de volta ? eu tinha certeza de que essa companhia nem existia de verdade.
E aí me ocorreu que eu tinha um endereço.
Eu joguei o dinheiro de volta na caixa do FedEx, arrancando a etiqueta pra que se alguém chegasse a descobri-lo, fosse impossível liga-lo a mim, e andei de volta até a minha caminhonete, murmurando incoerentemente no caminho. Eu prometi a mim mesma que eu ia fazer uma coisa especialmente descuidada com a minha moto essa semana. Eu ia fazer acrobacias como uma dublê se fosse preciso.
Eu odiei cada centímetro do caminho enquanto eu vagava por entre as árvores obscurecidas, apertando os meus dentes até que a minha mandíbula estava doendo. Os pesadelos iam ser ferozes essa noite ? fazer isso era pedir que isso acontecesse. As árvores se abriam entre as samambaias, e eu dirigi raivosamente por elas, deixando uma fila dupla de gravetos quebrados, escoados atrás de mim. Eu parei perto dos degraus da frente, colocando a marcha em ponto morto.
A casa parecia exatamente a mesma, dolorosamente vazia, morta. Eu sabia que estava projetando os meus próprios sentimentos na aparência dela, mas isso não mudou a forma como ela parecia pra mim. Sendo cuidadosa pra não olhar pra fora pela janela, eu caminhei até a porta da frente. Eu desejei desesperadamente ser um zumbí novamente só por um minuto, mas a entorpecência já tinha passado da validade há muito tempo.
Eu coloquei a caixa cuidadosamente na entrada da casa abandonada, e me virei pra ir embora.
Eu parei no primeiro degrau. Eu não podia simplesmente deixar uma pilha de dinheiro na frente da porta. Isso era quase tão ruim quanto queimá-lo.
Com um suspiro, mantendo os meus olhos baixos, eu me virei de volta e peguei a caixa ofensiva. Talvez eu pudesse simplesmente doa-lo pra uma boa causa. Uma caridade pra pessoas com doenças sanguíneas, ou algo assim.
Mas eu estava balançando a cabeça enquanto voltava para a caminhonete. Esse era o dinheiro dele, e, maldição, ele ia ficar com ele. Se ele fosse roubado na frente da casa dele, era culpa dele, não minha.
A minha janela estava aberta, e ao invés de sair, eu simplesmente atirei a caixa com toda força que podia em direção à porta.
Eu nunca tive a melhor mira. A caixa bateu com força na janela da frente, deixando um buraco tão grande que parecia que eu havia atirado uma máquina de lavar.
-Aw, merda!? Eu asfixiei alto, cobrindo meu rosto com as mãos.
Eu devia saber que não importava o que eu fizesse, eu simplesmente ia piorar as coisas. Eu estava apenas devolvendo a propriedade dele. Era problema dele que ele tivesse transformado isso numa tarefa tão difícil. Além do mais, o som do vidro quebrando foi meio legal ? ele me fez sentir um pouco melhor de uma forma perversa.
Eu não me convenci de verdade, mas eu tirei a caminhonete do ponto morto e fui embora mesmo assim. Isso era o mais perto que eu podia chegar de devolver o dinheiro pra onde ele pertencia. E agora eu tinha uma boa entrada pra caixas para a prestação do mês que vem. Era o melhor que eu podia fazer.
Eu repensei isso centenas de vezes de chegar em casa. Eu procurei na lista telefônica procurando por vidraceiros, mas não haviam estranhos a quem eu pudesse pedir ajuda. Como era que eu ia explicar o endereço? Será que Charlie teria que me prender por vandalismo?
-Jasper não quis vir com você?-.
-Ele não aprova que eu esteja interferindo?
Eu funguei. -Você não é a única-.
Ela enrijeceu, e depois relaxou. -Isso tem alguma coisa a ver com o buraco na janela da frente da minha casa e a caixa cheia de notas de cem dólares no chão da sala de estar??
-Tem?, eu disse raivosamente. -Eu lamento pela janela. Aquilo foi um acidente?.
-Com você geralmente é. O que foi que ele fez?-
-Uma coisa chamada O Fundo do Pacífico Norte me deu um prêmio muito estranho e uma bolsa de estudos persistente. Não foi um disfarce muito bom. Quer dizer, eu não consigo imaginar que ele queria que eu soubesse que era ele, mas eu espero que ele não pense que eu sou tão estúpida?.
-Ora, aquele grande trapaceiro?, Alice murmurou.
-Exatamente?
-E ele me disse pra não olhar? Ela balançou a cabeça irritada.
-Será que existe uma razão pela qual o perigo não pode resistir a você mais do que eu?-
-O perigo não tenta-, eu murmurei.
-É claro, parece que você andou procurando o perigo ativamente. O que você estava pensando, Bella? Eu vi na cabeça de Charlie a quantidade de vezes que você esteve no pronto-socorro. Eu mencionei que estou furioso com você??
A voz baixa dele parecia mais dolorida do que furiosa.
-Porque? Não é da sua conta?, eu disse, envergonhada.
-Na verdade, eu me lembro especificamente de você prometendo que não faria nada descuidado?.
A minha réplica foi rápida. -E você não prometeu que não ia interferir?-
-Antes de você começar a passar dos limites?, ele qualificou cuidadosamente. -Eu estava mantendo a minha parte do acordo?.
-Oh, é mesmo? Três palavras, Edward: Fundo. Pacífico. Norte.?
Ele ergueu a cabeça pra olhar pra mim; a expressão dele estava toda confusa e inocente- inocente demais. Isso era uma denúncia por si só. -Isso devia significar alguma coisa pra mim??
-Isso é insultante.? Eu reclamei. -Quão estúpida você acha que eu sou??
-Eu não faço idéia do que você está falando?, ele disse, com os olhos arregalados.
-Que seja?, eu rosnei.
De repente, a luz da varanda de acendeu, e eu pude ver Esme de pé na porta. Seu cabelo esvoaçante, caramelado estava preso pra trás, e ela tinha uma espécie de espátula na mão.
-Estão todos em casa?? Eu perguntei esperançosamente enquanto subíamos os degraus.
-Sim, eles estão? Enquanto ela falava, as janelas abruptamente se encheram de luz. Eu olhei através da mais próxima delas pra ver quem havia reparado em nós, mas a panela com uma gosma grossa, cinza que estava no aparador da frente me chamou a atenção. Eu olhei para a macia perfeição do vidro, e me dei conta do que Esme estava fazendo na varanda com uma espátula.
-Oh, droga, Esme! Eu lamento muito por essa janela! Eu ia -
-Não se preocupe com isso?, ela interrompeu com uma risada. -Alice me contou a história, e eu tenho que dizer, eu não te culparia se você tivesse feito de propósito? Ela encarou o filho, que estava me encarando.
Eu ergui uma sobrancelha. Ele desviou o olhar e murmurou uma coisa indistinta sobre cavalos de presente.
Cena um: o dia depois que Bella vai ao filme de zumbi com Jessica.
Eu ainda sentia saudade de Phoenix em raras ocasiões, quando era provocada. Agora, por exemplo, enquanto eu me dirigia ao Banco Federal de Forks para depositar meu chegue de pagamento. O que eu não daria pela conveniência de um caixa-automático drive in. Ou pelo menos, a anonimidade de um estranho do outro lado da mesa.
“Boa tarde, Bella”, a mãe de Jessica me saudou.
“Oi, Sra. Stanley”.
“É tão bom que você pode sair com Jessica na noite passada. Já fazia tanto tempo.”
Ela fez um barulhinho com a língua para mim, sorrindo para tornar o som amigável. Alguma coisa na minha expressão devia estar desligada, porque o sorriso endureceu de repente, e ela passou a mão nervosamente pelo cabelo, onde ela ficou presa por um minuto; o cabelo dela era tão encaracolado quanto o de Jessica e ela colocava laquê até que ele ficasse arrumado em um monte de anéis duros e rígidos.
Eu sorri de volta, me dando conta de que estava um segundo atrasada. O meu tempo para reações estava enferrujado.
“É”, eu disse, no que eu esperava que fosse um tom sociável. “Eu estive muito ocupada, sabe. Escola… trabalho…” Eu lutei pra pensar em alguma outra coisa pra adicionar à minha lista curta, mas
não encontrei nada.
“Claro”, ela sorriu mais calidamente, provavelmente feliz por minha resposta parecer normal e bem-ajustada.
De repente me ocorreu que eu podia não estar apenas brincando comigo mesma quando pensei no motivo por trás do sorriso dela. Quem sabe o que Jessica contou a ela sobre a noite passada. O que quer que tenha sido, não foi completamente falso. Eu era a filha da ex excêntrica de Charlie –
insanidade pode ser genética. Antiga associada aos esquisitões de Forks; eu pulei essa parte rapidamente, me encolhendo. Recente vítima de um coma ambulante. Eu decidi que esse era um argumento bastante bom para a minha loucura, sem nem sequer contar as vozes que eu ouvia agora, e eu me perguntei se a Sra. Stanley realmente pensava isso.
Ela deve ter visto a especulação nos meus olhos. Ela desviou o olhar rapidamente, olhando para as janelas atrás de mim.
“Trabalho”, eu repeti, chamando a atenção dela de volta enquanto colocava meu cheque em cima do balcão. “Que é porque eu estou aqui.”
“É claro.” Ela sorriu de novo. O batom dela estava rachando enquanto o dia progredia, e estava claro que ela havia desenhado os lábios muito mais cheios do que eles eram na realidade.
“Como estão as coisas no Newton’s?” ela perguntou brilhantemente.
“Bem. A temporada está começando”, eu disse automaticamente, apesar de que ela dirigia pelo estacionamento do Pacific Outfitter’s todo dia – ela teria visto os carros que não eram conhecidos. Ela provavelmente sabia mais sobre as quedas e os aumentos no ramo dos mochileiros do que eu.
Ela balançou a cabeça ausentemente enquanto olhava para as teclas do computador na frente dela. Meus olhos passearam pelo balcão marrom escuro, com as suas linhas muito “anos-setenta” de laranja brilhante rodeando as bordas. As paredes e o carpete haviam sido atualizados para um tom mais neutro de cinza, mas o balcão denunciava a decoração original do prédio.
“Hmmm”, o murmúrio da Sra. Stanley foi um guincho mais alto do que o normal. Eu olhei de volta pra ela, apenas meio interessada, me perguntando se havia uma aranha em cima da mesa que havia assustado ela.Mas os olhos dela ainda estavam grudados na tela do computador. Agora os dedos
dela estavam imóveis, a expressão dela estava surpresa e desconfortável.
Eu esperei mas ela não disse mais nada.
“Há algo errado?” Os Newton estavam tentando passar cheques sem fundo?
“Não, não”, ela murmurou rapidamente, olhando para mim com um estranho brilho nos olhos. Ela parecia estar reprimindo algum tipo de excitação. Aquilo me fez lembrar de Jessica quando ela tinha alguma nova fofoca que estava morrendo pra dividir.
“Você gostaria de imprimir o seu saldo?” A Sra. Newton perguntou ansiosamente. Isso não era meu hábito – minha conta crescia tão lentamente que não era difícil fazer os cálculos na minha cabeça. Mas a mudança de tom dela me deixou curiosa.
O que havia na tela do computador que fascinou ela?
“Claro”, eu concordei.
Ela bateu numa tecla, e a impressora rapidamente cuspiu o curto documento.
“Aqui está”. Ela arrancou o papel com tanta gana que ele se partiu no meio.
“Oops, eu lamento por isso”. Ela passou o olhar por cima da mesa, sem encontrar o meu olhar curioso, até que ela encontrou um rolo de fita adesiva. Ela grudou os dois pedaços de papel e o atirou pra mim.
“Er, obrigada”, eu murmurei. Com a folha na mão, eu me virei e caminhei para a porta da frente, dando uma olhada para ver se eu descobria qual era o problema da Sra. Stanley.
Eu achava que a minha conta devia estar e torno de mil quinhentos e trinta e cinco dólares. Eu estava errada, eram trinta e seis dólares e cinquenta centavos, e não trinta e cinco.
E também haviam vinte mil dólares extras.
Eu congelei onde estava, tentando entender os números. A conta estava
vinte mil dólares mais alta antes do meu depósito de hoje, que
havia sido depositado corretamente.
Por um breve minuto eu considerei a ideia de fechar a minha conta imediatamente.
Mas, suspirando uma vez, eu voltei para o balcão onde a Sra. Stanley
estava esperando com olhos brilhantes, interessados.
“Há algum tipo de erro com o computador, Sra. Stanley”, eu
disse a ela, entregando o pedaço de papel de volta pra ela. “Deveriam
haver apenas mil quinhentos e trinta e seis e cinquenta centavos.”
Ela sorriu conspiradoramente. “Eu achei que parecia um pouco estranho”.
“Só nos meus sonhos, né?” Eu ri de volta, impressionando
a mim mesma com a normalidade do meu tom.
Ela digitou bruscamente.
“Eu vejo o problema aqui… a três semanas atrás aparece
um depósito de vinte mil dólares feito por… hmmm, pelo que parece
foi outro banco. Eu imagino que eles tenham colocado os números errados.”
“Quantos problemas eu vou ter se fizer um saque?” Eu brinquei.
Ela gargalhou ausentemente enquanto continuava a digitar.
“Hmmm”, ela disse de novo, a testa dela enrugando em três
buracos fundos. “Parece que foi uma transferência de outro estado.
Nós não recebemos muitas dessas. Quer saber? Eu vou fazer a Sra.
Gerandy dar uma olhada nisso…” A voz dela foi desaparecendo enquanto
ela se virava pra longe do computador, o pescoço dela se curvando para
olhar pela porta aberta atrás dela.
“Charlotte, você está ocupada?” ela chamou.
Não houve resposta. A Sra. Stanley entendeu isso e caminhou rapidamente
para a porta traseira onde os escritórios deviam ser.
Eu procurei por ela por um minuto, mas ela não reapareceu. Eu me virei
e olhei ausentemente pelas janelas da frente, olhando a chuva caindo nos vidros.
A chuva corria em correntes imprevisíveis, ás vezes descendo torta,
por causa do vento. Eu não prestei atenção no tempo enquanto
esperava. Eu tentei deixar a minha mente flutuar em branco, pensando em nada, mas eu não parecia ser capaz de voltar aquele estado de semi-consciência.
Eventualmente eu ouvi vozes atrás de mim de novo. Eu me virei pra ver
a Sra. Stanley e a esposa do Dr. Gerandy entrando na sala da frente com o mesmo sorriso educado nos seus rostos.
“Desculpa por isso, Bella”, a Sra. Gerandy. “Eu devo ser capaz
de dar um jeito nisso com um telefonema bem rápido. Você pode esperar
se quiser”. Ela fez um gesto para uma fileira de cadeiras de madeiras
contra uma parede. Parecia que elas pertenciam a sala de jantar de alguém.
“Okay”, eu concordei. Eu caminhei até as cadeiras e me sentei
bem no meio, de repente desejando ter um livro. Já fazia algum tempo
que eu não lia, fora da escola. E mesmo assim, quando alguma história
de amor ridícula fazia parte do currículo, eu trapaceava com sinopses.
Era um alivio estar trabalhando com Animal Farm agora. Mas tinham que haver outros livros seguros. Aventuras políticas. Mistérios de assassinatos.
Assassinatos violentos não eram problema; contanto que não houvesse
nenhum enredo romântico choroso envolvido.
Levou tempo suficiente pra eu ficar irritada. Eu estava cansada de olhar para
a sala cinzenta chata, sem nenhum quadro para aliviar as paredes vazias. Eu
não conseguia ver a Sra. Stanley enquanto ela remexia uma pilha de papéis,
parando de vez em quando para dar entrada em alguma coisa no computador – ela olhou pra mim uma vez, e quando encontrou meu olhar ela pareceu desconfortável e derrubou um arquivo. Eu podia ouvir a voz da Sra. Gerandy, um murmúrio fraco vindo da sala traseira, mas não era claro o suficiente pra me dizer nada, além de que ela tinha mentido em relação ao tempo necessário na ligação. Havia um limite de tempo no qual
se podia esperar que uma pessoa ficasse com a mente em branco, e se aquilo não acabasse logo, eu não ia ser capaz de evitar. Eu ia ter que pensar. Eu
entrei em pânico silenciosamente, tentando imaginar um assunto seguro
pra pensar.
Eu fui salva pela reaparição da Sra. Gerandy. Eu sorri gratamente
pra ela quando ela enfiou a cabeça pela porta, seu cabelo grosso, cor
de neve, chamando minha atenção imediatamente.
“Bella, você se importaria em se juntar a mim?” ela perguntou,
e eu me dei conta de que ela tinha o telefone grudado no ouvido.
“Claro”, eu murmurei enquanto ela desaparecia.
A Sra. Stanley teve que destrancar a meia porta no final do balcão para
que me deixar passar. O sorriso dela era ausente, ela não encontrou meus
olhos. Eu tinha certeza absoluta de que ela estava planejando ouvir atrás
da porta.
Minha mente correu pelas possibilidades concebíveis enquanto eu me apressava para o escritório.
Alguém estava lavando dinheiro pela minha conta. Ou talvez Charlie estivesse recebendo suborno, e eu estava estragando o disfarce dele. No entanto, quem teria tanto dinheiro assim para subornar Charlie? Talvez Charlie estivesse na máfia, e usando minha conta para fazer lavagem de dinheiro. Não, eu não conseguia imaginar Charlie na máfia. Talvez fosse Phil.
Quão bem nós conhecíamos Phil, afinal de contas?
A Sra. Gerandy ainda estava no telefone, e ela fez um gesto com o queixo em
direção a cadeira dobrável de metal que ficava de frente para a mesa dela. Ela estava rabiscando apressadamente na parte de trás de um envelope. Eu sentei, me perguntando se Phil tinha um passado obscuro, e se eu ia parar na cadeia.
“Obrigada, sim. Eu acho que isso é tudo. Sim, sim. Muito obrigada
por sua ajuda”, a Sra. Gerandy desperdiçou um sorriso para o receptor
do telefone antes de desligar. Ela não parecia estar com raiva ou sombria.
Mais pra excitada e confusa. Isso me lembrou da Sra. Stanley no corredor. Por um segundo eu pensei em pular pela porta e assustar ela.
Mas a Sra. Gerandy falou.
“Bem, eu acho que tenho boas notícias para você… Apesar
de não conseguir imaginar você pode não ter sido informada
disso”. Ela me encarou criticamente, como se ela estivesse esperando que
eu desse um tapa na minha testa e dissesse, oh, ESSES vinte mil. Eu esqueci
completamente!
“Boas notícias?” Eu testei. As palavras implicavam que esse
erro era complicado demais pra ela desvendar, e ela tinha a impressão
de que eu era mais rica do que nós pensávamos alguns minutos atrás.
“Bem, se você realmente não sabe… parabéns então!
Você ganhou uma bolsa de estudos de…” ela olhou para suas anotações
rabiscadas “o Fundo do Pacífico Noroeste”.
“Uma bolsa de estudos?” eu repeti sem acreditar.
“Sim, isso não é excitante? Minha nossa, você poderá
ir pra qualquer faculdade que quiser!”
Foi precisamente nesse momento, enquanto ela balbuciava alegremente pela minha boa sorte, que eu soube exatamente de onde tinha vindo o dinheiro. Apesar da repentina onda de raiva, suspeita, ultraje e dor, eu tentei falar calmamente.
“Uma bolsa de estudos que deposita vinte mil dólares na minha conta”,
eu notei. “Ao invés de pagar isso a escola. Sem ter nenhuma forma
de se certificar de que eu vou usar o dinheiro para a escola”.
Minha reação fez ela corar. Ela pareceu ofendida pelas minhas
palavras.
“Seria muito pouco sábio não usar esse dinheiro com os fins
que foram propostos pra ele, Bella, querida. Essa é uma chance única
na vida”.
“É claro”, eu disse amargamente. “E esse Fundo do Pacífico
Noroeste mencionou porque eles me escolheram?”
Ela olhou pra suas anotações de novo, uma pequena careta no rosto
por causa do meu tom.
“É um grande prestigio – eles não dão essa
bolsa de estudo todos os anos”.
“Aposto que não”.
Ela olhou pra mim e desviou o olhar rapidamente. “O banco em Seattle que
gerência o fundo me passou para o homem que administra as entregas as bolsas de estudos. Ele disse que essa bolsa de estudos é dada baseada em mérito, gênero e locação. Ela é direcionada a estudantes do sexo feminino de cidades pequenas que não tem as oportunidades disponíveis em uma cidade maior”.
Parecia que alguém estava achando que era engraçado.
“Mérito?” eu perguntei desaprovando. “Eu tenho uma média de três ponto sete. Eu posso nomear três garotas que tem notas melhores que as minhas, e uma delas é Jessica. Além
o mais – eu nunca me inscrevi pra essa bolsa de estudos”.
Ela estava muito corada agora, pegando uma caneta e colocando-a na mesa de novo, mexendo no pendente que ela usava entre o dedão e o indicador. Ela procurou nas anotações novamente.
“Ele mencionou isso…” Ela manteve os olhos no envelope, sem ter
certeza do que fazer com a minha atitude. “Eles não aceitam inscrições.
Eles procuram inscrições rejeitadas por outras bolsas de estudos
e escolhem estudantes que eles acham que foram injustamente ignorados. Eles pegaram o seu nome pela inscrição que você mandou para a
assistência financeira baseada em mérito da Universidade de Washington.”
Eu senti os cantos da minha boca virando pra baixo. Eu não sabia que
aquela inscrição havia sido rejeitada. Era uma coisa que eu tinha
enviado há muito tempo atrás, antes…
E eu não havia pensado em nenhuma outra possibilidade, apesar de que
os prazos estavam passando por mim. Eu não parecia conseguir me focar
no futuro. Mas a Universidade de Washington era o único lugar que poderia
me manter perto de Forks e de Charlie.
“Como eles conseguem as inscrições recusadas?” Eu perguntei em tom baixo.
“Eu não tenho certeza, querida”. A Sra. Gerandy não estava feliz. Ela queria excitação e estava recebendo hostilidade.
Eu queria ter alguma forma de explicar que a negatividade não era pra
ela. “Mas o administrador deixou o número dele caso eu tivesse
alguma pergunta – você mesma poderia ligar pra ele. Eu tenho certeza
que ele poderia te assegurar de que esse dinheiro realmente é para você”.
Disso eu não tinha dúvida. “Eu gostaria desse número”.
Ela escreveu rapidamente num pedaço amassado de papel. Eu fiz uma nota
mental de doar anonimamente um bloco de post-its para o banco.
O número era interurbano. “Eu não suponho que ele tenha deixado um endereço de e-mail?” Eu perguntei ceticamente. Eu não queria aumentar a conta telefônica de Charlie.
“Na verdade, ele deixou”, ela sorriu, feliz por ter alguma coisa
que eu parecia querer. Ela se inclinou na mesa para escrever outra linha no
meu borrão.
“Obrigada, eu vou entrar em contato com ele assim que chegar em casa”.
Minha boca era uma linha dura.
“Docinho”, a Sra. Gerandy disse hesitantemente. “Você devia estar feliz por isso. É uma grande oportunidade”.
“Eu não vou pegar vinte mil dólares que eu não mereci”, eu respondi, tentando manter o tom de ultraje fora da minha voz.
Ela mordeu o lábio, e olhou para baixo novamente. Ela também pensava
que eu era maluca. Bem, eu ia fazer ela dizer isso em voz alta.
“O quê?” Eu quis saber.
“Bella…” Ela pausou e eu esperei com o dentes trincados. “É substancialmente mais que vinte mil dólares”.
“Perdão?” Eu asfixiei. “Mais?”
“Vinte mil é só o pagamento inicial, na verdade. De agora em diante você irá receber cinco mil dólares todo mês até o final da sua carreira na faculdade. Se você fizer pós-graduação, a bolsa de estudos continuará pagando por ela!” Ela ficou excitada de novo enquanto me dizia isso.
No início eu não consegui falar, eu estava lívida demais.
Cinco mil dólares por mês por um período indeterminado de tempo. Eu queria quebrar alguma coisa.
“Como?” Eu consegui botar pra fora
“Eu não entendo o que você quer dizer”.
“Como eu vou ganhar cinco mil dólares por mês?”
“Serão depositados em sua conta aqui”, ela respondeu, perplexa.
Houve um breve segundo de silêncio.
“Eu vou fechar a conta agora”, eu disse numa voz sem vida.
Eu levei quinze minutos para convencê-la de que estava falando sério.
Ela tinha um inacabável suprimento de razões pelas quais isso era uma má idéia. Eu discuti calorosamente até que me ocorreu que ela estava preocupada em me entregar os vinte mil dólares. As pessoas carregavam tanto assim nas mãos?
“Olha, Sra. Gerandy”, eu assegurei ela. “Eu só quero
sacar os meus mil e quinhentos. Eu apreciaria muito se você pudesse enviar
o restante do dinheiro de volta para o lugar de onde ele veio. Eu vou acertar
as coisas com esse –“ Eu chequei o borrão. “- Sr. Isaac
Randall. Isso realmente é um erro”.
Isso pareceu relaxar ela.
Cerca de vinte minutos depois, com um rolo de quinze notas de cem, uma de vinte, uma de dez, uma de cinco, uma de um, e cinqüenta centavos no meu bolso, eu escapei do banco aliviada. A Sra. Stanley e a Sra. Gerandy ficaram lado a lado no balcão, olhando para mim com os olhos arregalados.
***
Cena dois: naquela mesma noite, depois de comprar as motos e visitar Jacob pela primeira vez…Eu abri a porta com um chute e puxei o meu fundo para a faculdade do bolso. Ele parecia bem pequeno enrolado como estava na palma da minha mão. Eu o enfiei em uma meia sem par e aí a enfiei de volta na gaveta de roupas de baixo. Provavelmente esse não era o esconderijo mais original, mas eu ia me preocupar em pensar em algo mais criativo mais tarde.
No meu outro bolso estava o papel amassado com o número do telefone de Isaac Randall e o seu endereço de e-mail. Eu o puxei pra fora e o coloquei no teclado do meu computador, aí apertei o botão, batendo o meu pé enquanto a minha tela ligava lentamente.
Quando eu estava conectada, eu abri a minha conta de e-mail gratuita. Eu procrastinei, demorando pra deletar a montanha de spams que haviam se acumulado desde o dia que eu havia escrito pra Renée. Eventualmente eu me livrei desse trabalho, e abri uma caixa de composição nova.
O endereço de e-mail era para ?irandall-, então eu presumi que ele ia diretamente para o homem que eu queria.
Querido Sr. Randall, eu escrevi.
Eu espero que você se lembre da conversa que teve esta tarde com a Sra. Gerandy no Banco Federal de Forks. Meu nome é Isabella Swan, e aparentemente você está com a impressão de que eu ganhei uma bolsa de estudos bastante generosa da Compania de Fundos do Pacífico Norte.
Eu lamento, mas não posso aceitar essa bolsa de estudos. Eu pedi que o dinheiro que eu já recebi fosse mandado de volta para a conta da qual ele veio, e fechei minha conta no Banco Federal de Forks. Por favor, premie outro candidato com a bolsa de estudos.
Obrigada, I. Swan
Eu levei alguns minutos pra faze-lo soar do jeito certo ? formal, e inquestionavelmente definitivo. Eu o li duas vezes antes de manda-lo. Eu não tinha certeza sobre que tipos de diretrizes o Sr. Randall havia recebido sobre a bolsa de estudos falsa, mas eu não podia ver nenhuma brecha na minha resposta.
* * *
Cena três: algumas semanas depois, pouco antes do ?encontro- de Bella e Jacob com as motos…Quando eu voltei, eu peguei a correspondência enquanto entrava. Eu passei rapidamente as contas e as propagandas, até chegar na última carta na pilha.
Era um envelope comercial regular, endereçado a mim ? o meu nome estava escrito à mão, o que era incomum. Eu olhei com interesse para o endereço do remetente.
Interesse que rapidamente se transformou em náusea. A carta era do Fundo do Pacífico Norte, do Escritório de Relocações de Bolsas de Estudos. Não havia nenhum endereço de rua embaixo do nome.
Esse provavelmente era só um reconhecimento formal da minha recusa, eu disse pra mim mesma. Não havia nenhuma razão pra me sentir nervosa. Absolutamente nenhuma razão, exceto pelo pequeno detalhe que pensar demais em qualquer parte disso me mandaria diretamente para a terra dos zumbis. Somente isso.
Eu atirei o resto da correspondência na mesa para Charlie, juntei os meus livros na sala de estar, e corri escadas acima. Uma vez em meu quarto, eu tranquei a minha porta e rasguei o envelope. Eu tinha que me lembrar de ficar com raiva. Raiva era a chave.
Querida Srta. Swan.
Permita-me parabenizá-la formalmente por ter ganho pelos Fundos do Pacífico Norte a prestigiosa Bolsa de Estudos J. Nicholls. Essa bolsa de estudos não é presenteada com muita freqüência, e você deve ficar orgulhosa de saber que o Comitê de Relocações escreveu o seu nome unanimemente para a honra.
Houveram algumas pequenas dificuldades nas monções da sua bolsa de estudos, mas por favor não se preocupe. Eu estarei cuidando pessoalmente para que você seja posta pelo mínimo de inconvenientes possível. Por favor encontre o cheque anexo de vinte mil dólares; o prêmio inicial mais a sua primeira mesada mensal.
Mais uma vez eu te parabenizo pela sua realização. Por favor aceite os melhores desejos de toda a Corporação do Pacífico Norte para a sua futura careira escolástica.
Sinceramente,
I. Randall
Raiva não foi problema nenhum.
Eu olhei dentro do envelope e, certo o suficiente, havia um cheque lá dentro.
-Quem são essas pessoas?? Eu rosnei através do meus dentes trincados, amassando a carta, com uma mão, transformando-a em uma bola apertada.
Eu marchei furiosamente até a minha lata de lixo, pra encontrar o número de telefone do Sr. Randall. Eu não me importava que fosse a longa distância ? essa ia ser um conversa muito curta.
-Oh, merda?, eu assobiei. A lixeira estava vazia. Charlie havia levado o meu lixo pra fora. Eu joguei o envelope com o cheque na minha cama e desamassei a carta de novo. Era um papel da companhia, com Departamento de Relocações de Bolsas de Estudos do Pacífico Norte escrito em um tom escuro de verde no topo, mas não havia nenhuma informação, nenhum endereço, nenhum número de telefone.
-Droga.
Eu me sentei na beira da minha cama e tentei pensar claramente. Obviamente, eles iam me ignorar. Eu não tornar os meus sentimentos mais claros, então não tinha havido nenhum erro de comunicação. Provavelmente não faria diferença se eu ligasse.
Então só havia uma coisa a fazer.
Eu re-amassei a carta, amassei também o envelope com o cheque, e marchei escadas abaixo.
Charlie estava na sala de estar, com a TV ligada em alto volume.
Eu fui até a pia da cozinha, e joguei as bolas de papel lá dentro. Aí, eu procurei dentro da nossa gaveta de coisas diversas até que encontrei uma caixa de fósforos. Eu acendi um, e o aproximei cuidadosamente em uma das pontas do papel. Eu acendi outro e fiz o mesmo. Eu quase acendi um terceiro, mas o papel estava incendiando meramente, então não havia necessidade de verdade.
-Bella?- Charlie chamou por cima do som da televisão.
Eu abri a torneira rapidamente, com uma sensação de satisfação enquanto a força da água transformava as chamas em uma meleca achatada e cinzenta.
-Sim, pai?- Eu joguei os fósforos de volta na gaveta, e a fechei rapidamente.
-Você está sentindo cheiro de fumaça??
-Não, pai-.
-Hmph?
Eu limpei a pia, tendo certeza de que todas as cinzas haviam descido pelo ralo, e aí limpei os dejetos, só pra ter certeza.
Eu voltei para o meu quarto, me sentindo levemente satisfeita. Eles podiam me mandar todos os cheques que quisessem, eu pensei mal humorada. Eu sempre podia comprar mais fósforos quando os meus acabassem.
* * *
Cena quatro: durante o período de tempo em que Jacob esteve evitando ela…Nos degraus havia um pacote do FedEx. Eu o peguei com curiosidade, esperando um endereço da Flórida, mas ele havia sido mandado de Seattle. Não havia nenhum remetente no lado de fora da caixa.
Ele estava endereçado a mim, não a Charlie, então eu o levei até a mesa e rasguei a aba do papelão pra abri-lo.
Assim que eu vi a logo-marca verde escura do Fundo do Pacífico Norte, eu senti que a minha dor de estômago estava voltando. Eu caí na cadeira mais próxima sem olhar para a carta, a raiva se acumulando lentamente.
Eu não podia nem sequer me fazer lê-la, apesar dela não ser longa. Eu a puxei pra fora, a coloquei virada pra baixo em cima da mesa, e olhei relutantemente de volta para dentro da caixa, pra ver o que havia embaixo. Era um envelope inchado cor de baunilha. Eu estava com medo de abri-lo, mas com raiva suficiente pra abri-lo com um rasgão do mesmo jeito.
A minha boca era uma linha dura enquanto eu rasgava o papel sem me preocupar em abrir pela aba. Eu já tinha coisas suficientes pra lidar agora. Eu não precisava de lembretes e nem da irritação.
Eu fiquei chocada, e mesmo assim não fiquei surpresa. O que mais podia ser além disso ? três bolos grossos de notas, apertados com força por um elástico de borracha. Eu não precisava olhar as denominações. Eu sabia exatamente o quanto eles estavam tentando forçar às minhas mãos. Seriam trinta mil dólares.
Eu levantei o envelope lentamente enquanto me levantava, e me virei pra joga-lo na pia. Os fósforos estavam no topo da gaveta de bobagens, exatamente onde eu os havia deixado da última vez. Eu tirei um e o acendi.
Ele queimava mais e mais perto dos meus dedos enquanto eu encarava o envelope odioso. Eu não conseguia fazer os meus dedos soltarem ele. Eu larguei o fósforo antes que ele me queimasse, o meu rosto se transformando em uma careta de desgosto.
Eu peguei a carta de cima da mesa, amassando-a em uma bola e atirando-a no outro recipiente da pia. Eu acendi outro fósforo e o joguei no papel, olhando com uma satisfação maliciosa enquanto ele queimava. Um aquecimento. Eu acendi outro fósforo. De novo, eu o segurei, queimando, acima do envelope. De novo, ele queimou quase até os meus dedos antes que eu o atirasse nas cinzas da carta. Eu simplesmente não conseguia me fazer queimar trinta mil dólares.
Então o que eu ia fazer com isso? Eu não tinha nenhum endereço pra manda-lo de volta ? eu tinha certeza de que essa companhia nem existia de verdade.
E aí me ocorreu que eu tinha um endereço.
Eu joguei o dinheiro de volta na caixa do FedEx, arrancando a etiqueta pra que se alguém chegasse a descobri-lo, fosse impossível liga-lo a mim, e andei de volta até a minha caminhonete, murmurando incoerentemente no caminho. Eu prometi a mim mesma que eu ia fazer uma coisa especialmente descuidada com a minha moto essa semana. Eu ia fazer acrobacias como uma dublê se fosse preciso.
Eu odiei cada centímetro do caminho enquanto eu vagava por entre as árvores obscurecidas, apertando os meus dentes até que a minha mandíbula estava doendo. Os pesadelos iam ser ferozes essa noite ? fazer isso era pedir que isso acontecesse. As árvores se abriam entre as samambaias, e eu dirigi raivosamente por elas, deixando uma fila dupla de gravetos quebrados, escoados atrás de mim. Eu parei perto dos degraus da frente, colocando a marcha em ponto morto.
A casa parecia exatamente a mesma, dolorosamente vazia, morta. Eu sabia que estava projetando os meus próprios sentimentos na aparência dela, mas isso não mudou a forma como ela parecia pra mim. Sendo cuidadosa pra não olhar pra fora pela janela, eu caminhei até a porta da frente. Eu desejei desesperadamente ser um zumbí novamente só por um minuto, mas a entorpecência já tinha passado da validade há muito tempo.
Eu coloquei a caixa cuidadosamente na entrada da casa abandonada, e me virei pra ir embora.
Eu parei no primeiro degrau. Eu não podia simplesmente deixar uma pilha de dinheiro na frente da porta. Isso era quase tão ruim quanto queimá-lo.
Com um suspiro, mantendo os meus olhos baixos, eu me virei de volta e peguei a caixa ofensiva. Talvez eu pudesse simplesmente doa-lo pra uma boa causa. Uma caridade pra pessoas com doenças sanguíneas, ou algo assim.
Mas eu estava balançando a cabeça enquanto voltava para a caminhonete. Esse era o dinheiro dele, e, maldição, ele ia ficar com ele. Se ele fosse roubado na frente da casa dele, era culpa dele, não minha.
A minha janela estava aberta, e ao invés de sair, eu simplesmente atirei a caixa com toda força que podia em direção à porta.
Eu nunca tive a melhor mira. A caixa bateu com força na janela da frente, deixando um buraco tão grande que parecia que eu havia atirado uma máquina de lavar.
-Aw, merda!? Eu asfixiei alto, cobrindo meu rosto com as mãos.
Eu devia saber que não importava o que eu fizesse, eu simplesmente ia piorar as coisas. Eu estava apenas devolvendo a propriedade dele. Era problema dele que ele tivesse transformado isso numa tarefa tão difícil. Além do mais, o som do vidro quebrando foi meio legal ? ele me fez sentir um pouco melhor de uma forma perversa.
Eu não me convenci de verdade, mas eu tirei a caminhonete do ponto morto e fui embora mesmo assim. Isso era o mais perto que eu podia chegar de devolver o dinheiro pra onde ele pertencia. E agora eu tinha uma boa entrada pra caixas para a prestação do mês que vem. Era o melhor que eu podia fazer.
Eu repensei isso centenas de vezes de chegar em casa. Eu procurei na lista telefônica procurando por vidraceiros, mas não haviam estranhos a quem eu pudesse pedir ajuda. Como era que eu ia explicar o endereço? Será que Charlie teria que me prender por vandalismo?
* * *
Cena cinco: a primeira noite que Alice retorna depois de ver Bella -cometendo suicídio?…-Jasper não quis vir com você?-.
-Ele não aprova que eu esteja interferindo?
Eu funguei. -Você não é a única-.
Ela enrijeceu, e depois relaxou. -Isso tem alguma coisa a ver com o buraco na janela da frente da minha casa e a caixa cheia de notas de cem dólares no chão da sala de estar??
-Tem?, eu disse raivosamente. -Eu lamento pela janela. Aquilo foi um acidente?.
-Com você geralmente é. O que foi que ele fez?-
-Uma coisa chamada O Fundo do Pacífico Norte me deu um prêmio muito estranho e uma bolsa de estudos persistente. Não foi um disfarce muito bom. Quer dizer, eu não consigo imaginar que ele queria que eu soubesse que era ele, mas eu espero que ele não pense que eu sou tão estúpida?.
-Ora, aquele grande trapaceiro?, Alice murmurou.
-Exatamente?
-E ele me disse pra não olhar? Ela balançou a cabeça irritada.
* * *
Cena seis: com Edward na noite depois da Itália, no quarto de Bella…-Será que existe uma razão pela qual o perigo não pode resistir a você mais do que eu?-
-O perigo não tenta-, eu murmurei.
-É claro, parece que você andou procurando o perigo ativamente. O que você estava pensando, Bella? Eu vi na cabeça de Charlie a quantidade de vezes que você esteve no pronto-socorro. Eu mencionei que estou furioso com você??
A voz baixa dele parecia mais dolorida do que furiosa.
-Porque? Não é da sua conta?, eu disse, envergonhada.
-Na verdade, eu me lembro especificamente de você prometendo que não faria nada descuidado?.
A minha réplica foi rápida. -E você não prometeu que não ia interferir?-
-Antes de você começar a passar dos limites?, ele qualificou cuidadosamente. -Eu estava mantendo a minha parte do acordo?.
-Oh, é mesmo? Três palavras, Edward: Fundo. Pacífico. Norte.?
Ele ergueu a cabeça pra olhar pra mim; a expressão dele estava toda confusa e inocente- inocente demais. Isso era uma denúncia por si só. -Isso devia significar alguma coisa pra mim??
-Isso é insultante.? Eu reclamei. -Quão estúpida você acha que eu sou??
-Eu não faço idéia do que você está falando?, ele disse, com os olhos arregalados.
-Que seja?, eu rosnei.
* * *
Cena sete, a conclusão dessa seqüência: naquela mesma noite/manhã, quando eles chegaram na casa dos Cullen para a votação…De repente, a luz da varanda de acendeu, e eu pude ver Esme de pé na porta. Seu cabelo esvoaçante, caramelado estava preso pra trás, e ela tinha uma espécie de espátula na mão.
-Estão todos em casa?? Eu perguntei esperançosamente enquanto subíamos os degraus.
-Sim, eles estão? Enquanto ela falava, as janelas abruptamente se encheram de luz. Eu olhei através da mais próxima delas pra ver quem havia reparado em nós, mas a panela com uma gosma grossa, cinza que estava no aparador da frente me chamou a atenção. Eu olhei para a macia perfeição do vidro, e me dei conta do que Esme estava fazendo na varanda com uma espátula.
-Oh, droga, Esme! Eu lamento muito por essa janela! Eu ia -
-Não se preocupe com isso?, ela interrompeu com uma risada. -Alice me contou a história, e eu tenho que dizer, eu não te culparia se você tivesse feito de propósito? Ela encarou o filho, que estava me encarando.
Eu ergui uma sobrancelha. Ele desviou o olhar e murmurou uma coisa indistinta sobre cavalos de presente.
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